domingo, 17 de outubro de 2010

TEXTOS ANTIGOS: Poema "Lacrimosa"

TEXTOS ANTIGOS

Poema

"Lacrimosa"




Lacrimosa

Amei-te entre os anjos que dormiam
Em mil floreios deslumbrantes
E as gotas que de meus olhos caiam
Banhavam minh'alma com quente sangue,
Sobre as luas que teus olhos refletiam
Em lençóis de estrelas decadentes.

Oh! Meu anjo etéreo do sepulcro
Quando tocar-me-ás os lábios dormentes
Há noutes decaio por teu mórbido vulto
Em desmaios flébeis de um coração silente
Nas manhãs, no semblante abate-me o luto
De ir-se com a noute teus beijos frios

Ah! Bela fulgura de anjos mortos
Desfaleço ao soar de teu suspiro,
Que é baixo, que é doce e melancólico.
Derramando lágrimas em teu vestido,
Nos joelhos macios em que me recosto
E no colo fremido de mórbidos ais!

Embebedem tua tez em suave fremido
A Bela face lacrimosa em ademãs diz - Mais!
Com voz langue e suave que sucede gemidos
Tão doces! Tão puros! Tão leves - Decai...

Por este palor que recobre fronte lacrimosa
Qu'em noturnas - derramei ao peito - lágrimas,
Cheirando o vaporoso perfume da morte a rosa.
E maculando na face, deste amor, a mortalha,
Noite que, desvaira o coração trespassar
No leito sombrio da virgem airosa.

Lindas pomas borrifadas por respingos de amor,
Meus lábios gemicantes, queimosos balbuciam.
Inda mais alva em reflexos do lunar palor,
Na rósea pele clareava em olhares que morriam,
Como seus negros cabelos soltos, ao langor
Dos meus suspiros, a minha face escurece...


L.'. F.'.

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