segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Sátiro: Uma composição de um encontro campestre.

Sátiro e Ninfa - Arthur Fischer, 1900.




O Sátiro: Uma composição de um encontro campestre.



"Quando entre as flores da primavera e o calor das tardes de verão
Tua pele tornar-se a suave relva de corpos vertidos ao chão.
Amarei cada ponto do céu e desta terra, a música dos animais,
Pois Sátiro sou na floresta, das ninfas, cabras e ovelhas: atrás".
- F.V.


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Sim, lá estou eu em espreita, entre os grossos chumaços de folhagem do campo, entre os troncos largos das árvores na floresta, eu a espreito tal se nada mais existisse e a brancura de sua pele turvasse minha visão. Nada mais neste mundo tira-me o foco.

Ah, eu suspiro, ofego e tremo um pouco minhas pernas. Eu suspiro e sua pele exala o cheiro - me apetece um desejo cruel: fome, sede, sangue... esse sangue que devora minhas veias, impetuoso a fazer pulsar em batimentos uniformes o coração. A pele, a pele, a minha pele sua dando um brilho dourado e corado de sol. Lábios que se roçam, dentes que aparecem, fragrância que se espalha.

Tu serás minha, teus gritos serão meus, tuas lágrimas e tua luta em desfavor da própria sorte. Está é minha terra, meu campo, minha colheita! Ah, sim! também teus gemidos, teus prazeres e tua lascívia minha bela Ninfa. Dos cânticos ao vinho, minha flauta vos levará ao extâse de Dionísio. Portanto comerei de tua carne e beberei teu leite, cantarei tua dor.

Mastigue a folha, tenhas curiosidade; forme o louro, tão bela coroada serás com a perca da razão. Pomas que desvanecerão em meus lábios em cada frenética sucção. Minha língua a trespassar pela pelugem, agraciada pela umidade, orvalho em rosa.

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