segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A INTER-RELIGIOSIDADE DE HERMES E HEKATE por Tricia Magalhães Carnevale (NEA/UERJ)


A INTER-RELIGIOSIDADE DE HERMES E HEKATE

Miniature Bronze Altar to Hekate - Pergamon - circa 50-200 CE


O texto abaixo é um estudo universitário feito por Tricia Magalhães que reune diversas informações sobre Hécate e Hermes, analisando a existência de um paralelo histórico entre estes deuses.

Importantes informações sobre as placas de maldição conhecidas como katádesmós (grego) ou desfixio (latim) se fazem notar, o que apenas por tais provas históricas (vasos, placas, desenhos em pedras) temos expressa a relação entre tais deuses já que não são tão notáveis assim em fontes literárias, tal nos trabalhos de Homero, a exemplo. Entretanto outros escritores fazem pequenas menções:

Em Hesíodo: "Diligente no estábulo com Hermes aumenta / o rebanho de bois e a larga tropa de cabras / e a de ovelhas lanosas, se o quer no seu ânimo, / de poucos avoluma-os e de muitos faz menores."  

Vemos também em raras exceções como nas "Elégias" 2.29c de Propércio: "Brimo [Hekate?], Que como diz a lenda, pelas águas do Boebeis [na Tessália] colocou seu corpo virgem ao lado de Mercurius [Hermes]" .

ou nas "Descrições da Grécia" 1.38.7  de Pausanias: "O herói Eleusis, após qual a cidade [de Eleusis] foi nomeada, alguns afirmam ser um filho de Hermes e de Daíra [Hekate?], Filha de Oceanos".

– Particularmente, o trecho descrito por Propércio me atrai. Hécate Brimo [Βριμω] (A destruidora terrível da vida / Furiosa) é também epíteto de Perséfone, Deméter e Cybele associadas aos Mistérios de Elêusis, contudo observando que o trecho faz menção às águas do Boebeis na Tessália decerto é referenciado a própria Hécate que era bastante cultuada nesta cidade.


Ambos os deuses eram os líderes dos fantasmas dos mortos, e foram associadas com o tempo da primavera do retorno de Perséfone.



Perséfone, Hermes e Hécate
Cratera-sino de figuras vermelhas do Pintor de Perséfone.
Data: c. -440
New York, Metropolitan Museum of Art




---------------------------------------------------------------------------------------------------




ISSN: 1984 -3615
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE
I ENCONTRO INTERNACIONAL E II NACIONAL
DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO
&
IX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA
2010




A INTER-RELIGIOSIDADE DE HERMES E HEKATE



Tricia Magalhães Carnevale 1(NEA/UERJ)





Na Grécia do período Clássico, séculos V e IV a.C., assistimos a diversos momentos em que a fé na Justiça é posta em dúvidas por conta de eventos fatídicos como a Guerra do Peloponeso, a invasão e dominação de Filipe II da Macedônia, Guerras Médicas, consequentemente a fé nos deuses é abalada, mas não o suficiente para que impeçam os atenienses de pedir a ajuda divina, pois cada vitória aumentava a crença nos deuses, como sucedeu-se às Guerras Médicas: reconstrução dos santuários devastados pelos Persas, a nova reorganização da Acrópole, reforma nos templos de Hefestos e Dioniso.

Para se vingar de decisões legais consideradas injustas, o ateniense buscava a ajuda de um magós ou um iniciado para que este confeccionasse uma imprecação em uma lâmina de chumbo, o chamado katádesmós.


Defixio tabella com uma maldição opistográfica em Grego contra Kardelos. Chumbo, 4th século EC.

As lâminas apresentam características peculiares, linguagem própria, que nos permitem uma identificação e classificação, a saber: “a imprecação contra os processos, a imprecação contra os ofícios e a imprecação amorosa” (CANDIDO, 2004: 61, grifo do autor). Uma classificação anterior diz respeito à Ogden (2004, p. 47): “1.Litígio (incluindo política); 2. Competição; 3. Ofício; 4. Erótica (separação e atração); 5. Orações por justiça”.

As imprecações incluíam em seu discurso mágico, além do nome do (s) adversário (s) ou inimigo (s) e as partes do corpo, a evocação à divindade ctônica, esta última foi o critério para seleção das lâminas, predominando os katádesmói que evocassem Hermes e Hekate.



A frequência com a qual os deuses são evocados no discurso mágico das lâminas é destacada por Gager (1999, p. 12):

“Hermes é de longe o mais comum; ele é seguido por Hekate, Kore e Perséfone, Hades (também conhecido como Plutão), Gê/Gaia, “a deusa sagrada”, (em Selinus na Sicília) e finalmente Deméter (várias vezes citada junto com “os deuses com ela”).”

Dentre as quinze lâminas que analisamos do período Clássico (segundo Ogden são mais 1.600 conhecidas. (1999, p. 3)), encontramos duas que trazem Hermes e Hekate juntos. Destacamos este casal como insólito dentre tantos pares e trios de deuses encontrados nas lâminas porque enquanto Hermes é um deus Olímpico e Ctônico, Hekate trata-se de uma deusa Titânica e Ctônica, apresentando juma disparidade em relação aos outros conjuntos divinos Olímpicos. Questionamos então o que poderia ter levado o mago a evocar Hermes e Hekate, considerando que Hekate descende de Titãs e não é tão conhecida, ou pelo menos não é uma divindade tão pública, como os deuses do Olimpo: Zeus, Hera, Afrodite, Hefesto, Poseidon, Hades, Hermes, Ares, Apolo, Ártemis, Atena e Dioniso.

Ao levantar a historiografia de Hekate e Hermes juntos, percebemos que poucos autores estudaram o casal e o fizeram de forma superficial, como Rudloff2, Sorita D’Este (2006, p. 26), Jimeno (1999, p. 73). Recorremos então às narrativas míticas de cada divindade e encontramos como principal ponto comum a qualidade ctônica como os outros autores, entretanto observando mais de perto encontramos uma lacuna que se fecha ao evocar o casal e nenhum dos autores revelou.

Os autores se referem às qualidades ctônicas de Hermes e Hekate como referencial para sua evocação nas lâminas, porém há uma qualidade que encontramos em abundância em Hermes e inexiste em Hekate: o contato com os mortais. Homero (VIII) tornou público na Ilíada (VIII) essa especificidade humana de Hermes, ele retrata o desejo de Zeus falando ao seu filho Hermes, quando o envia junto ao rei Príamo buscar o corpo do filho Héctor no acampamento de Aquiles3:


Este, com dó do ancião, diz a Hermes: “Filho, tens grande gosto em escoltar os humanos e em dar ouvido aqueles todos os que te agradam. Guia, pois, Príamo às naves côncavas dos Aqueus. Que nenhum deles, porém, o veja ou o tenha em mente, antes que chegue ao Peleide.”

Neste ponto localizamos nossa lacuna, o elemento que une Hermes e Hekate nas lâminas: o homem. Hermes apresenta muito contato com os homens, assim como Dioniso, que não é evocado nas lâminas. Hermes transpassa os três mundos: os dos deuses, os dos homens e os dos mortos, ao contrário de Hekate que se encontra no Mundo Subterrâneo, mas não presa no Tártaro junto aos outros Titãs aprisionados durante a Titanomaquia, pois lutou bravamente ao lado de Zeus.

Acreditamos que as divindades ctônicas Hermes e Hekate juntas encerram um ciclo mágico-religioso poderoso contra qualquer inimigo/adversário que se quisesse prejudicar ou vingar, enquanto Hermes domina o mundo dos homens e descende do mundo dos deuses olimpianos, Hekate permite o uso de almas desgraçadas no Mundo Subterrâneo para que se faça o mal a aquele que se crê inimigo.
Segue a narrativa mítica de Hermes e Hekate.



Hekate



“ (...)Astéria de propício nome,
que Perses conduziu um dia a seu palácio e
desposou, e fecundada pariu
Hekate a quem mais Zeus
Cronida honrou e concedeu
esplêndidos dons (...)”
(HESÍODO, Teogonia, versos 409 a 412).



Hekate.
Pintura neo-clássica de William Blake, 1795.


Descendente de Titãs ou filha de Perséfone como sugere Gager (1999, p. 90), Hekate é dotada de inúmeros epítetos. Hesíodo compõe para ela um Hino em sua obra Teogonia. Ali exalta suas qualidades jurídicas como a eloqüência, é ela quem concede a vitória nos combates e jogos.

Apesar de alguns especialistas afirmarem que Hekate não possui um mito próprio, sendo constituída pelas suas “funções e os seus atributos do que pelas lendas em que intervém” (GRIMAL, 2000, p. 193) ou ainda considerada “aparentada à Ártemis” (BRANDÃO, 1987, p. 273) levando-nos a acreditar que este cotejo bastaria para explicá-la, mas continuamos em busca de um mito para Hekate. Pois se considerarmos que as feiticeiras da Idade Média foram inspiradas em Hekate, torna-se relevante estabelecer qual Hekate estaremos tratando, porém não cabe uma abordagem para esta temática aqui a qual será apresentada no próximo trabalho.

Apoiados por outros estudiosos como René Ménard (1991, p. 148) e Carlos Parada4 contam que Hekate participou da Titanomaquia e depois da Gigantomaquia, batalhas importantes para a firmação de sua identidade. Considerada “suprema, tanto no céu (Olimpo) quanto no Mundo Subterrâneo (Hades)” (PARADA, 1997), consoante a Karl Kerényi (1980, p. 35 e 36) “(...) era uma poderosa deusa tripla. Zeus a reverenciava acima de todas as outras e deixava-a partilhar da terra, do mar e do céu estrelado (...)”. Segundo estes autores, Hekate e os outros deuses que participaram da luta contra os Gigantes, foram agraciados de diversas formas, e Hekate manteve os poderes e domínios que tinha desde a época dos Titãs.

Curiosamente encontramos uma versão sobre Hekate, um mito, do historiador siciliano posterior ao nosso recorte temporal, Diodorus Siculus5 o qual nos relata assim:

“E Perses teve uma filha Hecate, a qual ultrapassou seu pai na ousadia e na ilegalidade; ela também apreciava caçadas, e quando não tinha sorte direcionava suas flechas para os humanos invés das bestas. Iniciando com semelhante habilidade na mistura de venenos mortais ela descobriu a droga chamada acônito e esgotou a força de cada veneno misturando-o na comida e dando a estranhos. E desde que ela teve em seu poder grande experiência em semelhantes assuntos ela primeiro de tudo envenenou seu pai e assim sucedeu ao trono, e então, edificou um templo à Ártemis e ordenava que os estranhos os quais chegassem lá deveriam ser sacrificados para a deusa, ela se tornou reconhecida bem mais e amplamente pela sua crueldade.” 6

Nessa versão percebemos a origem de Hekate ligada à feitiçaria, à magia, e harmonizando com Diodorus, temos Guil Jones7, da Encyclopedia Mythica, que lhe atribui além da magia, as encruzilhadas. Ainda nesta versão encontramos uma referência à droga que Hekate descobriu, o acônito, que segundo Ovídio8, em Metamorfoses, veio da espuma saída da boca de Cérbero quando Heracles o tirou do Mundo Subterrâneo, isto acabou por demarcar a entrada para o mundo de Hades onde cresce este veneno, em Heraclea, próximo ao Mar Negro. Na versão de Diodorus ainda não foi possível ainda encontrar ligação entre Hekate e a Gigantomaquia e Titanomaquia como em outros historiadores.

É importante relacionar Hekate à essas batalhas. Na Titanomaquia, que durou 100 anos, foi onde Hekate preservou seus poderes como descendente de Titãs e na Gigantomaquia ficou caracterizada com seus archotes, segundo Carlos Parada (1997) autor do Genealogical Guide to Greek Mythology, Hekate matou o Gigante Clítio com seus dois archotes.

Esses archotes têm, no entanto, ligação com o retorno de Perséfone e com a magia, segundo Pierre Grimal (2000, p. 193) era com eles, um em cada mão, que Hekate aparecia aos magos e às feiticeiras, nos vasos gregos da época é possível encontrar Hekate guiando o retorno de Perséfone do Mundo subterrâneo com seus dois archotes.

Além dos archotes, Hekate ainda podia ter a tríplice forma e estar acompanhada de alguns animais, ou ainda como afirma Brandão (1987, p. 273) e Grimal (2000, p. 193) aparecer aos magos e feiticeiras sob estas formas: égua, cadela, loba. Sobre os animais que a acompanhavam Carlos Parada (1997) nos faz um retrato sombrio de Hekate quando a conecta ao Mundo Subterrâneo: “a deusa carregava espadas e possuía em seu ombro esquerdo a cabeça de um cavalo, no direito a de uma cadela furiosa e ao centro uma serpente selvagem”. Mas a maioria dos autores afirma que Hekate era acompanhada por uma alcatéia ou matilha de lobas ou cadelas pretas. Principalmente à noite e em encruzilhadas.

Hekate também regia as encruzilhadas por estas, segundo Grimal, serem lugares próprios da magia, nessas mesmas encruzilhadas erguiam-se estátuas de Hekate Tríplice ou Trívia e colocavam-se oferendas. Brandão (1987, p 274) corrobora esta versão de Grimal: “ (...) porque cada decisão a se tomar num trívio postula não apenas uma direção horizontal na superfície da terra, mas antes e especialmente uma direção vertical para um ou para outro dos níveis de vida escolhidos.” Junito afirma ainda que pela deusa se apresentar ctônia, é cultuada nas encruzilhadas, e como características dessa qualificação, ela engloba as três dimensões: “o infernal, o telúrico e o celeste”, numa linguagem mais condizente à realidade da Grécia Antiga, seria o Mundo Subterrâneo, o Mundo dos Vivos e o Olimpo.

Foi encontrado um templo dedicado à Hekate, localizado na atual Turquia, em Mugla, na região denominada Lagina:



Templo de Hekate.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Lagina




Lagina.
Fonte: http://www.lagina.org/




Templo de Hekate.
Fonte: http://www.archaeology-classic.com/images/
lagina1.jpg



Templo de Hekate.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Lagina



Foi encontrado também na Turquia um templo a Zeus cujo friso traz a Gigantomaquia e Hékate derrotando o gigante Clítio com seu archote, note o cão ou cadela aos pés de Hekate mordendo o gigante. A parte frontal do Altar Pergamon foi reconstruída no Pergamon Museum em Berlim 9.



Altar de Zeus.
Pergamon Acropolis, séc II a.C., Bergama, Turquia.

Hekate apresenta qualidades que a definem em diferentes momentos para evocações específicas, são os chamados epítetos. Baseado nos estudos de Robert Von Rudloff temos:

Propylaia – guardiã das entradas – oferece proteção ao mal exterior para que este não entre nos templos e casas. Ergue-se uma estátua ou um pequeno santuário nos templos de várias divindades principalmente no templo de Deméter e, na porta das casas coloca-se uma estatueta de Hekate. 
Própolos – a assistente que conduz – epíteto reconhecido em vasos gregos na pintura em que Hekate guia Perséfone de volta à sua mãe Deméter, Rudloff acredita que Hekate com este epíteto era como uma guia para os novatos nos Mistérios de Deméter e Perséfone, e que talvez aí estivesse o significado da Hekate Tríplice: mulher solteira (Hekate), recém-casada (Perséfone) e mãe (Démeter). 
Phósphoros – iluminadora ou portadora de tochas – este é segundo Rudloff, o epíteto mais comum de Hekate e diferencial, pois várias divindades carregam uma tocha somente, poucas como Hekate são identificadas com duas. Rudloff nos dá uma idéia de continuidade entre este epíteto e o anterior (Propolos), pois acredita que as tochas e o título sejam originais e mais tarde associados à Hekate Propolos. 
 Kourotróphos – enfermeira de crianças– segundo o autor é um título comum a muitos deuses e é freqüentemente aplicado aos deuses que regem o parto. 
Chthonia – da Terra – quase todas as divindades gregas podem carregar este título, pois qualifica a fertilidade, as colheitas, o parto, o destino e a morte. Rudloff acredita que a ênfase dada a este título para Hekate foi propositalmente à intenção de diferenciá-la de Artêmis. E também graças a esse epíteto que Hekate se relacionou com outras divindades ctônicas como Hermes, Perséfone e Cérbero. Uma outra forte ligação que podemos traçar com sua aparição nas lâminas de imprecações.

Quase todos os epítetos de Hekate se relacionam entre si, têm alguma ligação. Seu mito descrito pelo historiador Diodorus vai em oposição à idéia de Brandão e Grimal de que Hekate não possui um mito. Assim como os outros deuses, ela apresenta diferentes versões, mas sempre há um mito envolvendo-a mesmo que seja em papel de coadjuvante.

Hekate realmente mostra-se uma deusa propícia a estar presente nas lâminas: possui mais poderes que Zeus - e os gregos sabiam disso, pois desde bebês ouvem as mitologias e aventuras cuja maior referência foi Homero e Hesíodo - possui ligação com o Mundo dos Mortos, dos Vivos e do Olimpo, e por seus títulos podemos em um primeiro momento acreditar na ligação entre Hekate e os homens, entretanto a deusa protege, vigia, ajuda sem nunca entrar em contato direto com os homens como Hermes.

Sua árvore genealógica segue a linha dos primeiros imortais na Terra: Filha de Perses e Astéria, ambos descendentes dos Titãs. Perses nasceu da união de Eurybia e do Titã Krios enquanto Astéria descende dos Titãs Koios e Phoibe (ver Anexo 02).


Hermes

  


Io (disfarçada de vaca), Hermes e Argos.
Por: DiegoVelazquez, c. 1669.
Fonte: http://www.hellenica.de/Griechenland/Mythos/ArgusJDiegoVelazquez.html



“Hermes é o filho de Zeus e de Maia, a mais jovem das Plêiades. Nasceu numa caverna, no cimo do monte Cilene, no Sul da Arcádia. Maia concebera-o de Zeus em plena noite, enquanto os deuses e os homens dormiam” (GRIMAL, 2000, p.223).

É uma divindade assim como Hekate, ligada ao Mundo Subterrâneo e ao Mundo dos Mortos que possui também distintos atributos. Seu mito envolve muitas peraltices.

Assim que nasce solta-se das faixas em que se encontrava enrolado (costume para com os recém-nascidos) se dirige à Tessália onde seu irmão por parte de pai, Apolo guardava o rebanho de Admeto. Bastou uma distração de Apolo para que Hermes roubasse-lhe parte do rebanho. Para disfarçar a pegada dos animais, amarrou em cada cauda um ramo de folhas e levou o rebanho para um passeio por toda a Grécia até chegar em Pilos, ninguém o viu, apenas um velho o qual tentou comprar seu silêncio. Em Pilos, Hermes sacrificou dois dos animais e cortou-os em doze pedaços, um para cada deus do Olimpo, inclusive ele, o resto do rebanho ele escondeu e retornou à sua caverna em Cilene. Quando chegou à entrada da caverna viu uma tartaruga, não pensou duas vezes, esvaziou-a e com os intestinos dos bois sacrificados fez as cordas da primeira lira. Apolo procurou o rebanho por toda a parte até chegar a Pilos onde o velho revela o esconderijo do rebanho. Diz ainda que Apolo através de sua arte adivinhatória soubera do ocorrido pelo vôo dos pássaros. Apolo reclama com Maia que mostra Hermes quietinho, enroladinho em suas faixas. Apolo então recorre a Zeus, mas nesse ínterim, Apolo ouve o lindo som da lira de Hermes e troca o rebanho por ela.

Apolo também ganha a flauta que Hermes inventa enquanto guardava o rebanho que agora lhe pertencia. Apolo oferece o caduceu de ouro em troca da flauta, mas Hermes também faz um pedido, lições de adivinhação, Apolo aceitou. Hermes agora tinha o caduceu e a arte de adivinhação através de pedrinhas. Zeus sabendo destas proezas nomeia Hermes mensageiro particular seu e de Hades e Perséfone.


O Julgamento de Páris, 1639 por Peter Paul Rubens.
Bridgeman Art Library / Prado, Madrid, Espanha
Fonte: http://www.bridgemanartondemand.com/index.cfm?event=catalogue.product&productID=102633

Este mito foi contado segundo Pierre Grimal o qual também afirma serem estes “mitos de infância” os únicos em que Hermes tem papel principal. Hermes participou da Gigantomaquia, salvou Ares e Zeus, usando suas habilidades sorrateiras, discretas, imperceptíveis, regatou Ares do barril em que estava preso e restituiu a Zeus seus tendões para que continuasse a luta. Hermes também ajuda os heróis Ulisses e Heracles, salva Io (amante de Zeus) da fúria de Hera que mas exige a vaca como presente e coloca Argos, de cem olhos, para vigiar-lhe, porém Hermes a salvou de Argos, fazendo-o adormecer seus cem olhos e mata-o com uma pedrada. É encarregado por Zeus de esconder Dioniso de Hera. Hermes é quem conduz Páris para ser juiz da disputa de beleza entre Atena, Afrodite e Hera.

Temos várias atuações de Hermes, e através delas podemos qualificá-lo tal como Hekate. Um dos epítetos de Hermes é o Crióforos, aquele que protege o rebanho, estimula a reprodução junto à Hekate nos estábulos como disse Hesíodo (Teogonia, v.444 a 447). Também é conhecido por protetor dos ladrões e do comércio, ligando este título ao furto do rebanho e à maneira de negociar, lidar com todos, percebemos a eloqüência, dom necessário para ser orador no tribunal, como aparece em muitas lâminas pedidos a Hermes para que o adversário tenha sua língua e seu corpo paralisado para que não atuem no tribunal. Sua malandragem pode ser percebida ao tentar comprar o silêncio do velho Bato no momento que passa por Pilos para esconder o rebanho, e ao fazer negócios com outros deuses.
Por vezes também é denominado Hermes Ctônico, sendo o único mensageiro a atravessar as três dimensões o Hermes Psychopompós (BURKERT, 1993, p. 312), aquele que guia as almas dos mortos ao Mundo subterrâneo.

Hermes era representado fundamentalmente calçado com sandálias aladas, o pétaso na cabeça – espécie de chapéu alado - e em uma das mãos o kerykeiôn – bastão de arauto de ouro dado a Hermes por Apolo em troca da flauta. Suas sandálias aladas eram um símbolo de elevação mística, domínio dos três mundos, característica da sua regência pelas estradas. Seu chapéu significa, tal como a coroa de um rei, poder e autoridade. Seu caduceu pode ser interpretado como símbolo da paz, do equilíbrio e antagonismo, pelas duas serpentes representarem opostos, diurno e noturno, esquerda e direita, além da serpente ser um animal ctônico com duplo aspecto simbólico: benefícios e malefícios. Na época Clássica este caduceu recebeu uma significação ctônica.

Com seu caduceu, conta Georges Hacquard, Hermes “separou, um dia, duas serpentes envolvidas em luta. Estas, cessando imediatamente a sua querela, entrelaçaram-se no caiado, dando origem ao famoso "caduceu", símbolo por excelência da paz” (HACQUARD, 1990, p. 163). Protegendo os comerciantes, profissão que exige o mínimo de capacidade de argumentação, Hermes se transformou no deus da eloqüência assim como Hekate. Ainda em Hacquard, “ele foi, sobretudo, venerado pelos atletas, na sua qualidade de inventor da corrida a pé e do pugilato”. Hermes não é o mesmo que Hermes Trimegisto, personificação do deus egípcio Thot, inventor das artes, das ciências e da magia.

É também tido com um inventor dentre outras, do sacrifício, ao interpretar de outra maneira o mito de Hermes relacionado ao roubo do rebanho sagrado de Apolo e o sacrifício de dois destes animais roubados, esquartejando-os em doze pedaços, um para cada um dos deuses do Olimpo, já incluído ele mesmo, escondendo o resto do rebanho. Seu nome, segundo Burkert, advém da palavra herma, que significa um amontoado de pedras criado artificialmente. Eram postos em encruzilhadas para demarcar o território, assim Hermes ganha outra função, protetor dos viajantes tal como Hekate. Por vezes faziam libações nestas hermas, criando mais vínculos com Hermes.

Hermes era uma divindade que de alguma forma se mostrava singular entre os atenienses, sendo para eles importante ter esse deus próximo, pois teve vários mitos e transformações como é o Hermes Trimegisto.


Moeda Boliviana, 1911.
 Fonte: http://www.monedasbolivia.com/billetes2.html (site fora do ar)

Sobreviveu até o séc. XVIII d.C., senão até os dias atuais. Hermes aparece em notas de dinheiro, em cartas de crédito, ações financeiras, de vários países como França, Canadá, Bolívia (v. figura), Espanha, antiga Iugoslávia10. Na Bolívia, Hermes aparece em 1911, e o mais interessante é que esta nota fora impressa na Itália, o que nos leva a questionar por que a Bolívia iria imprimir em seu dinheiro uma divindade grega e não uma divindade própria boliviana.


Acreditamos que a idéia de estampar Hermes nas notas tenha vindo de um grupo menor, porém mais abastado tanto em recursos financeiros como em acesso à fontes literárias, em oposição à população boliviana com menos recursos, que provavelmente desconhecia Hermes, uma divindade grega, bem distante da realidade boliviana.

Considerações Finais

A partir do discurso mágico da lâmina afrontamos ao mundo uma nova visão sobre o casal Hermes e Hakate. Acreditamos que o homem, o ser mortal que adora aos deuses foi a lacuna, agora preenchida que havia para a compreensão de evocar Hermes e Hekate na mesma lâmina. O mesmo katádesmos que iria atingir o homem, e que funcionava, como já dizia Gager (1999, p. 24):

Seu sucesso e eficácia também explica porque elas eram tratadas como ilegais ou perigosas. Perigosas não porque sempre intencionavam danos, mas porque elas funcionavam. Melhor ainda, elas funcionavam de modo que não podiam ser controladas pelos centros legal, social, e político da sociedade antiga

A magia no período Clássico entre os atenienses, “era vista como um meio para a intervenção divina” (grifo nosso) como afirma Peter Jones (1997, p.101) ela servia como canal para a manifestação do poder divino, ajudando o solicitante a obter sua vingança, já que o mesmo se sentia prejudicado e sem recursos que o atendessem na resolução de seus problemas. Assim fecha-se o ciclo mágico-religioso que a lâmina despertou a fim de vingar seu solicitante.



 ------------------------------------------

  
NOTAS:

1 Orientadora: Profª. Dr.ª. Maria Regina Candido (PPGHC/UFRJ - NEA/PPGH/UERJ). Linha de pesquisa registrada pelo CNPQ: Religião, Mito e Magia no Mediterrâneo Antigo. Email para contato: tricia@uerj.br
2 RUDLOFF, R. Hekate in Early Greek Religion.
Disponível em .
Acesso em: abril de 2005
3 HOMERO. A Ilíada. Vol. II. Tradução Haroldo de Campos. São Paulo: Arx, 2002. Pág. 459
4 O trabalho de Carlos Parada aqui referido faz parte do: Greek Mythology Link.(1997)
Disponível em < http://homepage.mac.com/cparada/GML/Hecate.html>
Carlos Parada é autor do Genealogical Guide to Greek Mythology, 1993
5 Historiador siciliano que viveu entre 90 e 21 a.C. (http://www.unrv.com/culture/diodorus-siculus.php).
6 “And Perses had a daughter Hecatê, who surpassed her father in boldness and lawlessness; she was also fond of hunting, and when she had no luck she would turn her arrows upon human beings instead of the beasts. Being likewise ingenious in the mixing of deadly poisons she discovered the drug called aconite and tired out the strength of each poison by mixing it in the food given to the strangers. And since she possessed great experience in such matters she first of all poisoned her father and so succeeded to the throne, and then, founding a temple of Artemis and commanding that strangers who landed there should be sacrificed to the goddess, she became known far and wide for her cruelty.” (Diodorus Siculus, 90-21 a.C., Library Book IV. 40 -58 versos 4.45.2)
7 In: "Hecate." Encyclopedia Mythica from Encyclopedia Mythica Online. http://www.pantheon.org/articles/h/hecate.html
8 Poeta latino que viveu no séc. I a.C.
9Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Pergamon_Altar
10 Retirado de um site que conta a história do dinheiro e notas promissórias, cartas de crédito, etc.: http://www.hugovandermolen.nl/scripophily/banksworldwide.php.

DOCUMENTAÇÃO

Imagem do Lécito Semiótica 01: http://www.perseus.tufts.edu / 2004.
Imagem da Cratera Semiótica 02: http://www.metmuseum.org / 2004.
Imagem da Cratera Semiótica 03:
http://www.perseus.tufts.edu / 2005.
http://www.utexas.edu/courses/mythmoore/imagefiles11/hadesscenes.html / 2005
Imagem da Cratera Semiótica 04: http://www.metmuseum.org / 2005.
Imagem da Lagina:
http://en.wikipedia.org/wiki/Lagina
http://www.archaeology-classic.com/images/lagina1.jpg

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUGÉ, Marc. Por uma antropologia dos mundos contemporâneos. Tradução de Clarisse Meireles e Leneide Duarte. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 192p. Título original: Pour une anthropologie dês mondos contemporains.
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega Volume II. 12ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2001.
BURKE, Peter. O que é História Cultural? . Tradução Sérgio Goes de Paula. 12ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
BURKERT, W. A Religião Grega das Épocas Arcaica e Clássica. 1ª edição. Berlim: Ed. W. Kohlhammer. 1993.
CANDIDO, Maria Regina. Projeto: Magia, discurso e poder: ação imperativa da magia dos defixiones na Atenas do IV século a.C.. Texto de circulação restrita, 2003.
_____________________. Katádesmos: a magia entre os atenienses do V ao III século a.C.. Rio de Janeiro: UFRJ/IFCS/PPGHIS, 2001.
_____________________. A feitiçaria na Atenas Clássica. Rio de Janeiro: Ed. Letra Capital, 2004.
CARNEVALE, Tricia Magalhães. Narrativa Mítica de Hermes, Hekate e Cérbero nos Discursos Mágicos dos Katádesmói. In: Suplemento II do Caderno do Fórum de Debates em História Antiga. Rio de Janeiro: Fábrica do Livro/SENAI, p. 16-21, 2006.
_____________________. Os Atenienses, seus Deuses, Sua Vingança – A Prática do Katádesmos no Período Clássico. Texto de circulação restrita, Rio de Janeiro, 2007.
_____________________. Katádesmos: Magia e Vingança dos Atenienses através dos Mortos. Vida, Morte e Magia no Mundo Antigo. Rio de Janeiro: NEA/UERJ, p. 90-98, 2008.
_____________________. Hermes e Hekate, Mitos e Ritos na Atenas Clássica. In: XVIII Ciclo de Debates em História Antiga, 2008, Rio de Janeiro. Anais Eletrônicos. Rio de Janeiro: Laboratório de História Antiga, 2008. 1 CD.
COULANGES, F. A Cidade Antiga. Tradução de Jean Melville. Rio de Janeiro: Ed. Martin Claret, Série Ouro vol.2 – 2002.
D’ESTE, S. Hekate: Keys To The Crossroads - A Collection Of Personal Essays, Invocations, Rituals, Recipes And Artwork From Modern Witche. England: Avalonia, 2006.
DETIENNE, M., SISSA, G. Os Deuses Gregos. Tradução Rosa Maria Boaventura. São Paulo: Companhia das Letras, 1990 - (A vida Cotidiana).
FESTUGIÈRE, A. J.; VIDAL-NAQUET, P.; CHÂTELE, F; DETIENNE, M; RICOEUR,P. Grécia e Mito. 1ª Edição. Tradução Leonor Rocha Vieira. Gradiva Publicações, 1988.
FINLEY, Moses (org.). O legado da Grécia, uma Nova Avaliação. Tradução Yvette Vieira Pinto de Almeida. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1998.
FLINT, V.; GORDON, R.; LUCK,G.; OGDEN, D. Withcraft and Magic in Europe: Ancient Greece and Rome. London: The Athlone Press, 1999.
FOWLER, R. L. Greek Magic, Greek Religion. In.: BUXTON, R. Oxford Readings in Greek Religion. Oxford University Press, 2001. Chapter 14, pages 317 to 343.
GAGER, J. G. Curse Tablets and Binding Spells from the Ancient World. New York: Oxford University Press, 1999.
GRIMAL, P. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Tradução de Victor Jabouille. 4ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 2000.
___________. A Mitologia Grega. 3ª edição. Ed. Brasiliense.
HESÍODO. Teogonia, A origem dos Deuses. Estudo e Tradução JAA Torrano. 5ª edição. São Paulo: Ed. Iluminuras Ltda, 2003.
JIMENO, Maria del Amor Lopez. Las Tabellae defixiones griegas. 1999.
JONES, P. V. O Mundo de Atenas – Uma introdução à cultura Clássica Ateniense. São Paulo: Martins Fontes, 1997;
JORDAN, D. R. New Greek Curse Tablets (1985-2000) In: Greek, Roman, and Byzantines Studies. 2001;
KERENYI, Karl. The Gods of the Greeks.1951, reimpr.1980.
MALINOWSKI, B. Magia, Ciência e Religião. Tradução de Maria Georgina Segurado. Rio de Janeiro: Edições 70, 1984;
MÉNARD, R. Mitologia Greco-romana, v. 1. Trad. A. Della Nina. São Paulo: Opus, 1991 (reimpr. 1997)
MOUSSÉ, Claude. Atenas A história de uma democracia. Tradução João Batista da Costa. – 3ª edição – Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1997.
PLATÃO. A República. Rio de Janeiro: Ed. Martin Claret, 2001.
PETRIE, A. Introdución al estudio de Grecia – Historia, antiguedades y literatura. 2. ed em español 1956. México: Fondo de Cultura Econômica: 1956
RODRIGUES, J. C. Tabu da Morte. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.
RUDLOFF, Robert Von. Hekate in Ancient Greek Religion. Victoria, BC: Horned Owl Press, 1999.
SNELL, B., A descoberta do Espírito. Tradução de Artur Morão. Rio de Janeiro: Edições 70, 1975

Internet

Learning from curse tablets: what the defixiones tell us of the ancient world.
Em 31 de março de 2003.
Disponível em < http://www.pinktink3.250x.com/essays/tablets.htm>
- Acesso em: setembro de 2004.
Article Hecate created on 03 March 1997; last modified on 26 May 1999 (Revision 2). 116 words. Guil Jones.
Disponível em © MCMXCV - MMVI Encyclopedia Mythica™. All rights reserved.
- Acesso em: novembro de 2004.
PARADA, C. Greek Mythology Link.
Disponível em < http://homepage.mac.com/cparada/GML/Hecate.html>
-Acesso em: novembro de 2004.
RUDLOFF, R. Hekate in Early Greek Religion.
Disponível em .
- Acesso em: abril de 2005
OLIVEIRA, C. M. ESOPO (+/- 620 A. C.)
Disponível em < http://www.graudez.com.br/litinf/autores/esopo/esopo.htm> - Acesso em: outubro de 2005.
DIODORUS SICULUS. Library of History (Books III - VIII). Translated by Oldfather, C. H. Loeb Classical Library Volumes 303 and 340. Cambridge, MA, Harvard University Press; London, William Heinemann Ltd. 1935.
Disponível em
- Acesso em: agosto de 2007.

FAMILY TREE GODS.

Disponível em
- Acesso em: agosto de 2007.
Sobre HEKATE, disponível em:
- Acesso em: agosto de 2007

Pintura de Hekate:

William Blake - 1757/1827
Disponível em http://www.reproarte.com/picture/William_Blake/Hekate/730.html
- Acesso em: agosto de 2007.

Mapa de Mugla (Turquia):

http://www.jimdiamondmd.com/photogallery/Map%20Greece.jpg

ANEXO 02– Árvore Genealógica de Hekate
GAIA (Terra) URANO (Céu) PONTOS (Mar) TITÃS (12) Cíclopes (3) Nereus,Thaumas, Phorkys, Keto, Aigaios, Telkhines (4), Halia, Karybdis Hekatonkheires (3) KRIOS PHOIBE KOIOS ASTERIA Leto Letantos (?) EURYBIA PERSES Astraios Pallas HEKATE

3 comentários:

T.M.C. disse...

Obrigada por ter mantido os créditos, citarei seu blog em minha dissertação, que deverá ser publicada até abril de 2012, pois vou defendê-la em fevereiro. Obrigada!!!

Hecatus disse...

Olá Trícia!

Eu agradeço pela citação! A dissertação já foi publicada? Gostaria de apreciá-la.

T.M.C. disse...

Deve sair semana que vem, estou terminando a correção e enviarei para a biblioteca avaliar. Quando sair eu aviso. Obrigada pela atenção.